É comum recebermos socorro advindos de pais com filhos em diferentes idades e séries escolares. Todos eles envolvendo a escrita.
O consolo pode ser então, você não está sozinho! E o desespero se justifica: a comunicação é cada vez mais uma habilidade fundamental, não somente hoje como também no futuro de nossos filhos. E a escrita é, sem dúvida, uma das principais ferramentas para a aprendizagem e para a expressão ao longo da vida.
O principal motivo da grande dificuldade na escrita está na cultura que se instalou de que escrever está relacionado ou à escola, ou, em poucos casos, ao trabalho. Como nossos filhos ainda não trabalham, fica a ideia de que eles escrevem para a escola: porque a professora manda, porque a tarefa precisa ser feita.
Isso não é verdade. É uma ilusão achar que aprendemos a escrever para poder estudar as matérias da escola. Se os pais conseguirem enxergar a habilidade da escrita com a função que de fato ela tem, já teremos meio caminho andado em direção ao socorro que os filhos precisam para escrever melhor.
A escrita abre um universo de possibilidades em termos de expressão e comunicação para cada um de nós. E também de aprendizado, sem dúvida.
Mas a grande questão está em como fazer com que os filhos percebam a escrita como algo importante para eles mesmos e não somente relacionado à obrigação imposta pela escola. Fazer longos discursos explicando o porquê escrever é importante não vai ajudar muito.
A solução para esse problema é mais simples do que pode parecer. Escrever é uma habilidade que, como tantas outras, requer prática. Uma vez dominada, passa a ser uma ferramenta de enorme utilidade, inclusive para tornar, mais tarde, a adolescência um período menos turbulento!
Na rotina atribulada que vivemos atualmente, a escrita acabou sendo relegada ao mundo digital, com todas as facilidades que cada vez mais a tecnologia nos traz. Isso, porém, trouxe duas mudanças que se instalaram sem que as famílias se dessem conta. A primeira delas foi a adequação dos aplicativos para crianças ainda em fase de alfabetização ou domínio da escrita.
Os almanaques de atividades foram substituídos por games que permitem à criança selecionar e arrastar a letra, sílaba ou palavra de acordo com a imagem mostrada. Embora possam representar uma boa opção de atividade para prática de leitura, a escrita fica totalmente de fora da brincadeira.
Outra mudança que impacta na prática da escrita é a possibilidade de envio de mensagens de voz. Sem dúvida, uma evolução com enormes benefícios em diversas situações, mas que reduziu ainda mais o uso da escrita para atender a necessidade de comunicação.
Nada de errado em aproveitar os benefícios da tecnologia. Vamos cada vez mais fazer uso de ferramentas que facilitem e melhorem nosso dia a dia. Mas, não podemos nos iludir: nada vem de graça! O preço de tanta evolução é termos que conscientemente criar oportunidades para que nossos filhos possam desenvolver habilidades essenciais para uma vida plena.
A prática da escrita não é papel da escola. O ensino dela pode ser. As oportunidades para dominar esse código fundamental para a comunicação são também, e principalmente, de responsabilidade da família.
Vamos então a algumas dicas para que a escrita do seu filho melhore e possa se tornar uma ferramenta para a aprendizagem de diversos conteúdos ao longo da vida.
- Criar a necessidade de escrever para se comunicar com a própria família. Para crianças ainda na fase de alfabetização, fazer listas pode ser fonte de prazer e aprendizagem. Inicialmente peça que seu filho faça a lista do que ele precisa do supermercado. Ajude-o a encontrar as palavras em embalagens que você ainda tem em casa ou pesquisando em folhetos de supermercado. Depois de pronta a lista, você pode aprovar ou não os itens, contanto que de fato compre aqueles que foram aprovados. Uma ideia é comprar quantidade menor de cada item, para que a lista tenha que ser feita com maior frequência. Por exemplo, se você compraria 3 pacotes de bolacha, leve somente 1 ou deixe os outros 2 pacotes escondidos, para que a lista tenha que ser refeita em breve. Vale também lista de atividades para o final de semana, do lanche para a semana de aula, dos programas favoritos de tv.
- Comunicar-se com filhos através de bilhetes. Deixe bilhete na porta do quarto, na cama, na geladeira e peça resposta também por escrito. Ignore se a resposta vier em mensagem de texto no celular ou mensagem de voz. É possível adaptar essa dica para crianças menores, com textos mais curtos ou para adolescentes, com assuntos que requerem domínio maior da habilidade de escrita.
- Coloque um quadro em algum cômodo da casa no qual cada membro da família terá que colocar uma frase que ouviu ou leu durante a semana e que considera marcante, seja ela negativa ou positiva. No final de semana todos escolhem a melhor frase e a pessoa que a postou no quadro tem uma recompensa, que não pode ser material. Algumas dicas são: escolher uma atividade para toda a família, ganhar isenção de ajudar em alguma tarefa doméstica naquele final de semana, um ingresso para cinema etc.
E, para encerrar com chave de ouro, fica um alerta: não existe melhor remédio para a escrita do que o hábito da leitura.
Como superar o desafio de fazer com que seu filho leia mais, é assunto para um dos próximos artigos! Já falamos um pouco sobre isso por aqui:
Posts Relacionados:
https://www.youtube.com/watch?v=TZItNhv4cyU
Você consegue lembrar quantas vezes já usou essa expressão com seus filhos? Estudos sobre o funcio...
A hora da tarefa ou lição de casa envolve muito mais do que ter entendido o que a professora ensinou...
Olá, boa tarde! Meu filho, Arthur, tem 8 anos. É um garoto que gosta muito de ler, tem hábitos diários de leitura desde muito pequeno. No entanto, desafiando a máxima que você deixou como alerta, de que “não existe melhor remédio para a escrita do que o hábito da leitura”, a caligrafia dele é péssima. Além disso, tem preguiça de escrever. Quando erra uma palavra, ao invés de apagá-la para escrever corretamente, ele simplesmente escreve por cima. O que piora ainda mais o entendimento. Socorro!! O que posso fazer para corrigir isso?? Desde já agradeço.
Aqui em casa estou apelando para a caligrafia com minha filha de 8 anos e que tem disgrafia. Está ajudando.
Meu filho não gosta de escrever
Aqui em casa o meu filho de 8 anos ler certo mas na hora de escrever, escreve algumas palavras erradas nao sei oq fazer