Quando a escola assume de fato seu papel no processo de inclusão, a mudança para melhor acontece em todos os aspectos, alunos, professores e pessoas envolvidas.
Adaptar uma aula ou um conteúdo para alunos com diferentes necessidades é uma arte que se aprende. É uma habilidade que se desenvolve e na qual a pessoa se torna expert quanto mais a pratica.
Nosso primeiro caso de orgulho, amor, gratidão por termos conhecido a proposta e as pessoas que a pensam, executam e aperfeiçoam é a Escola Internacional de São Paulo.
A Denise Lam, Diretora da escola, gentilmente atendeu nosso pedido para um depoimento sobre o trabalho que faz:
“Quando começamos a trabalhar com inclusão há alguns anos atrás, tínhamos como objetivo acolher as crianças com TEA (Trastorno do Espectro do Autismo) que tínhamos na escola.
Com o tempo, vimos que todas as adaptações curriculares e todas as orientações dadas aos professores no sentido de incluir crianças com autismo acabavam sendo benéficas para todas as crianças. As práticas baseadas em estudos e evidências na área da educação beneficiavam a todos, sem exceção. Além disso, acreditamos que todos os alunos irão precisar de apoio em algum momento de sua vida acadêmica, seja porque tem um diagnóstico de alguma condição como TEA, TDAH, DISLEXIA, DÉFICIT COGNITIVO, seja porque cada criança é única e,como tal, passa por dificuldades em determinados anos de suas vida acadêmica.
Aprendemos as melhores práticas na educação com equipes nos EUA que já fazem isto há muito tempo. Adaptações de materiais, estímulos diferenciados, um Plano Individual de Estudos para cada aluno, participação ativa dos pais nas decisões curriculares, e fazeres pedagógicos mais apropriados foram instituídos em nossa escola.
Não foi fácil! Nem todos entendem que inclusão é oferecer a todos possibilidades iguais de desenvolvimento, respeitando as capacidades de cada um, porém estimulando e desafiando o aprendizado. Dá muito mais trabalho para a escola, para o professor e para a família, uma vez que todos são parte deste processo.
Para cada aula planejada pelo professor, fazemos adaptações considerando quem estuda naquela sala. Adaptamos a mesma atividade para uma criança autista, uma criança com superdotação, uma criança com Déficit de atenção e para todos os outros.
O melhor de tudo isto é que nenhum dos alunos percebe que aquela adaptação é para ele, ou mesmo que aquela prática seja uma adaptação. Nós educadores fazemos os ajustes necessários, os alunos apenas vivenciam as aulas sem notar grandes diferenças entre o que é desafio para ele ou para seu colega. Se acaso notam a diferença, apenas respondemos que aquele amigo precisa disto neste momento. “Um dia você pode precisar também, então vamos ajuda-lo?”
Os alunos com currículo adaptado nunca se sentirão diferentes, incapazes, espertos demais ou nada disso. As adaptações se camuflam no preparo das atividades e somente os professores, terapeutas e coordenação pedagógica conseguem dizer quais são.
Para adaptações mais intrusivas, mais aparentes, temos a ajuda dos próprios alunos da sala que sempre foram capazes de respeitar as sugestões necessárias para ajudar um amigo. Fazem parte disto e sentem-se também responsáveis por inclui-lo na aula.
A verdade é que pensar em atividades que incluam todos os tipos de aprendizes deveriam acontecer em qualquer sala de aula. Todos os alunos são diferentes, cada aluno aprende de um jeito e o professor deve criar oportunidades para que todos acessem o conhecimento.
A equipe de coordenação e direção da Escola Internacional atenta muito para isso. Costumo dizer que (Denise Lam, diretora pedagógica e responsável pela Inclusão na Escola Internacional de São Paulo): “Ao lermos os planejamentos de professores, estamos sempre atentos para as estratégias criadas para a aprendizagem de todos. Quando os professores tem dúvida do que fazer, sugerimos, ajudamos e vamos para a sala de aula para ver acontecer!”.
No mês de conscientização do Autismo, trouxemos uma profissional de referência dos EUA , Erin Lozott, diretora clinica do instituto Els for Autism com o qual a escola estabeleceu uma parceria desde 2016, para dar treinamento para toda a equipe pedagógica de nossa escola e dar suporte para casos mais desafiadores. Além dos professores e coordenadores da escola, recebemos alguns pediatras e membros das equipes multidisciplinares que cuidam de nossos alunos como psicólogos do comportamento, fonoaudiólogos, terapeutas comportamentais e acompanhantes terapêuticos para participar do treinamento feito pela Erin em nossa escola.
Temos muito orgulho em nos preocupar com o outro, em aprender a respeitar e admirar as diferenças e em aprendermos desde sempre que inclusão é para todos.”
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