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Taís e Roberta Bento

Para educar um filho livre de preconceito, não diga que “somos todos iguais”.

Com a melhor das intenções, muitas vezes dizemos para nossos filhos que todas as pessoas são iguais, por isso devem ser tratadas com o mesmo respeito. Isso gera uma grande dificuldade para nossos filhos, em qualquer faixa etária, quando se percebem diferentes ou enxergam nos colegas características diferentes daquelas que eles possuem. Uma criança que sempre ouve dos pais que “todos merecem respeito, pois somos todos iguais”, vive um conflito interno quando se percebe com altura, sotaque, costumes, cor de pele, estrutura familiar diferente das outras crianças com quem convive. O mesmo acontece quando ela recebe na escola ou em algum outro grupo de convivência um colega que seja de alguma forma diferente do grupo. A verdade é que, ao contrário do que essa afirmação gera de compreensão ao pé da legra, somos todos diferentes. E por sermos todos diferentes é que precisamos aprender a respeitar uns aos outros e de fato acreditar que somos todos capazes de conviver em harmonia.

Se nossos filhos crescem com a consciência de que mesmo aqueles que se parecem fisicamente conosco são pessoas diferentes, com crenças, valores, gostos e aspirações variadas, mudamos completamente a expectativa e a relação que construímos com cada pessoa nova com a qual interagimos. Existem outras situações em que embora a tentativa seja de ajudar, acabamos reforçando os estereótipos e preconceitos que, de tão arraigados, acabamos não enxergando em nós mesmos. Um exemplo disso vem do esforço conjunto de pais que reúnem seus filhos e colegas da classe para fazer ações sociais. Pode ser levando doações a comunidades carentes, asilos ou orfanatos. Se o grupo que leva a doação é composto de um único biotipo de crianças e adultos e a instituição ou comunidade que recebe a doação em sua maioria tem um biotipo diferente, a mensagem que ficará marcada para as crianças vai carregada de preconceito também. Para evitar esse tipo de mensagem subliminar, forme grupos com pessoas de perfis diferentes, que venham de origens diversas. Vai a um asilo conversar com idosos? Além do seu filho e seus colegas de sala, convide também os filhos de funcionários do seu prédio e crianças da escola onde seu filho pratica atividade física, além de chamar seus pais e outros avós.


Para saber se você não está, mesmo que sem intenção e sem perceber, reforçando a ideia de que os iguais se unem e ajudam outro grupo de iguais, imagine uma foto da interação entre os dois grupos. Toda vez que for possível identificar de forma clara em uma foto quem recebeu e quem levou a ajuda, estaremos reforçando preconceito enquanto fazemos a ajuda. Incomoda bastante “ouvir” isso. Não precisa aceitar essa afirmação como verdadeira, apesar de vir de estudos sérios de especialistas de renomadas universidades. Mas dê a você mesmo/a a oportunidade de imaginar ou olhar algumas fotos e pensar um pouquinho se teria como aquela ajuda que você se esforçou tanto para colocar em prática também reforçar a ideia de que somos todos diferentes, estejamos do lado de quem pode doar ou de quem precisa de ajuda em alguma fase da vida!


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