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Taís e Roberta Bento

Pelo amor que você tem ao seu filho, elimine as telas durante os trajetos de carro.


Não é lenda, fakenews ou achismo: já existem muitas pesquisas que comprovam os efeitos negativos gerados pelo excesso de tempo que nossos filhos passam nas telas.

Esses impactos vão muito além daquilo que podemos enxergar a olho nu, e que já seriam razões suficientes para deixarmos de lado o sentimento de culpa e a dificuldade em conseguir estabelecer regras e limites necessários ao desenvolvimento saudável daqueles por quem somos responsáveis. Ao ficarem abduzidos por uma tela durante os trajetos de carro, nossos filhos sofrem duplo prejuízo: um porque têm o tempo de exposição aumentado ainda mais e outro porque perdem a oportunidade que teriam para o desenvolvimento de diversas habilidades que estão fazendo tanta falta para uma relação mais prazerosa com os estudos e com maior potencial para o aprendizado.

Segundo o psicólogo, especialista em recuperação de pessoas com diferentes tipos de vício, Nicholas Kardaras, estudos recentes mostram que os efeitos do excesso de tempo nas telas produzidos em nossas crianças e adolescentes é semelhante aos impactos gerados no cérebro de um adulto pelo de substâncias como a cocaína ou a heroína.

Isso explica o desequilíbrio emocional, com picos de irritabilidade, falta de paciência, e dificuldade nos relacionamentos sociais apresentados por nossas crianças e adolescentes quando estão fora das telas. As pesquisas recentes trazem também insights sobre o porquê, diante das opções entre um passeio ao ar livre ou uma conversa em família e ficar navegando na internet ou no vídeo game, eles sempre optam pela tela. E nos ajudam também a entender de onde vem aquela súplica por mais 5 minutos, que se tornam mais 15 e mais meia hora, sem que jamais nossos filhos estejam satisfeitos ou consigam se desconectar sem um grande estresse gerado dentro de casa.

Diante de tanta informação valiosa, que vem para confirmar a importância do equilíbrio no tempo de telas, os trajetos de carro se tornam uma oportunidade que não deveria ser desperdiçada. Entre a saída de casa e a chegada na escola, por exemplo, é possível, ao longo dos dias, garantir o início da construção de um sistema de proteção ou antídoto que ajuda a combater os prejuízos gerados pelo tempo de tela.

O mundo que passa pelas janelas do carro representa um arsenal de combate à baixa concentração, dificuldade de atenção, hiperatividade, empatia, entre tantas outras habilidades de que nossas crianças tanto carecem nos dias atuais.

Se parece difícil demais convencer seu filho que vocês não usarão mais tela alguma dentro do carro, você está certo/a. A boa notícia, porém, é que você terá o poder de transformar cada trajeto em memórias para uma vida toda quando aceitar que essa mudança de hábito depende mais de você do que de qualquer outra pessoa.

Para ajudar nos primeiros ajustes, pense na tela dentro do carro como se fosse um cigarro. O que você faria para evitar que seu filho, tenha ele a idade que tiver, não fumasse, mesmo que ele insistisse nisso? Será que você esperaria até que ele entendesse os males que o cigarro faz? Ou será que você assumiria, sem medo, seu papel de responsável e usaria toda sua energia para transformar, aos poucos, o tempo que vocês têm juntos ali dentro em momentos mais leves, com risadas, conversas, distrações com as árvores, os carros, as pessoas, os letreiros das lojas e com o silêncio também tão importante nessa vida tão corrida?


Pois é esse o caminho. É fácil? Não. Mas vale cada segundo do seu tempo e cada suor da sua energia. A relação com a escola, com os colegas, com o processo de aprendizagem, assim como a relação entre você e seu filho vão, em pouco tempo, mostrar os sinais de que seu esforço valeu a pena!


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