Não oferecemos mais no ambiente da família oportunidades suficientes para que nossas crianças se desenvolvam plenamente. Vivemos fechados entre quatro paredes e vários andares, sem conhecer vizinhos, sem tempo para descer no playground, sem conviver com parentes próximos com a frequência que deveríamos. Tentamos proteger nossas crianças do mal que existe no mundo lá fora, mantendo todas elas trancadas dentro de casa por tempo demais. E acabamos nos esquecendo de que, ao girar a chave na fechadura, ficam do lado de dentro uma infinidade de pessoas estranhas, que sequer sabemos quem são. Mas estão ali, por mais tempo do que deveriam, interagindo com nossos filhos por meio de várias telas, maiores ou menores.
Ainda assim, muitas mães sentem pena do filho quando o deixam na escola. Estamos com os padrões tão invertidos que sequer conseguimos enxergar o que está bem na frente de nossos olhos: deveríamos nos encher de alegria toda vez que deixamos um filho na escola. Na maioria das vezes, é essa a única oportunidade do dia em que a criança vai correr, interagir com outras crianças da mesma idade, aprender a esperar sua vez, entender que há mais mistérios entre o céu e a terra do que os sons e movimentos gerados por um simples clique. Passou o tempo em que a escola era o lugar onde era preciso ficar quieto e só prestar atenção. Mesmo as escolas mais simples prezam pelo tempo de interação e brincadeiras que ajudam uma criança a ter uma real compreensão de que viver é um desafio vencido aos poucos, com uma habilidade sendo desenvolvida de cada vez, a partir de muita prática e persistência. Essas oportunidades não existem mais dentro de casa. Na tentativa de compensar nossa ausência, nós, adultos, tentamos moldar um mundo encantado de fantasia no ambiente do lar: tudo o que não é “clicável” é resolvido por um adulto.
E lá vão nossas crianças para a escola, descobrir que conviver, escovar os dentes, comer e até brincar requer esforço. E lá vêm os pais para a reunião cobrar conteúdo que não está vendo o filho reproduzir em casa. Lá vêm pais desesperados porque o filho do amigo do trabalho já aprendeu a escrever, a filha da prima já domina dois idiomas e o filho dele parece estar regredindo, só pensa em brincar e cantar quando chega em casa. Pobres crianças, filhas de pais tão estudados e tão preocupados com a faculdade em que o filho vai conseguir entrar daqui a doze, treze, quatorze anos...Pobres professores que adorariam contar como cada criança cresceu em pouco tempo. Mas precisam focar em anotar conteúdo na agenda eletrônica, para satisfazer pais preocupados com o futuro de seus filhos.
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