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Taís e Roberta Bento

Dia Internacional do Canhoto - Dicas para ajudar uma criança canhota na alfabetização

Uma criança já pode dar os primeiros sinais quanto a seu lado de dominância desde o ventre da mãe. Os primeiros sinais facilmente observáveis, no entanto, começam a partir dos três meses de idade: geralmente o dedo da mão que vai ser levado à boca quando o bebê começa com a coceira nas gengivas é o da mão que será a dominante. Como o ambiente e contexto em que estão inseridos exerce também grande influência, até por volta de 5-6 anos de idade ainda pode haver alguma mudança por necessidade de adaptação. Que tal então prestar atenção em alguns detalhes e tomar algumas atitudes que podem ajudar seu filho a seguir sua vida usando sua mão esquerda de forma natural, caso esse seja mesmo seu lado dominante?

Duas situações comuns que podem ser muito frustrantes para crianças canhotas são: 1 – Brinquedos de dar corda – uma criança canhota pode sentir-se bastante frustrada por não conseguir, ou conseguir com dificuldade, acertar o sentido em que deve girar o botão ou pequenas manivelas para dar corda em carrinho, bonecas ou qualquer brinquedo. Isso porque o natural para o canhoto é rodar sempre no sentido anti-horário. Se você perceber que isso ocorre com seu filho, demonstre como usar o brinquedo sem colocar o foco no que ele faz quando se dá corda. Ofereça também outros brinquedos que tenham desempenho semelhante sem, no entanto, depender do mecanismo de corda. 2 – Hora de abotoar a blusa, fechar o zíper e amarrar o sapato – é bastante frustrante para a criança canhota ter que desempenhar essas simples tarefas na hora de se vestir. Duas situações podem causar baixa auto estima ou uma simples irritação que parece não ter fundamento: ter que abotoar, fechar o zíper e amarrar o cadarço em situação de pressão de tempo ou de outros amiguinhos ou irmãos fazendo a mesma atividade e gerando situação de comparação – na habilidade e no tempo despendido na tarefa. E você, mãe ou pai, deve estar se perguntando como ajudar. Algumas dicas são:

  • Usar todas as oportunidades que tiver sozinha com a criança para ensiná-la como superar esses obstáculos.

Se você pensou em evitar roupas com botão ou zíper, não vai ajudar seu filho. Ele precisa de prática para que essas atividades sejam naturais. Mas precisa também ter consciência que faz diferente, mas que isso não é desvantagem. Por isso ajudá-lo a fechar o casaco e mostrar que você faz isso com pequena diferença, mas que o resultado é o mesmo, é a melhor forma de evitar que ele mesmo se compare depois.

  • Quanto ao calçado, é sim sempre útil ter um par de tênis com velcro ao invés de cadarço, para que ele use quando for dormir na casa do primo ou do amigo e mesmo para festinhas de aniversário. Isso vai evitar que ele tenha simultaneamente os dois tipos de pressão: o tempo e a comparação quando todos tirarem o calçado para brincar e depois tiverem que calçar sozinhos o tênis para ir embora. Lembre-se, porém, de que esse é um plano B – deve ser provisório em termos de tempo e evitado nas situações do dia a dia, para que ele possa o mais cedo possível dominar a arte de se vestir sozinho sem traumas ou medo.

  • A melhor maneira para ensinar uma criança canhota a se vestir e calçar é ficar de frente com ela. Dessa forma o efeito espelho ajuda na interpretação dos seus movimentos por parte do canhoto.



Na escola, duas fontes de desafio em termos de adaptação para uma criança canhota são o uso da tesoura e a escrita. É muito frustrante para uma criança perceber que aquilo que é prazeroso e simples para os amiguinhos pode parecer um enorme desafio para ela. A vantagem é que por não ter consciência da diferença na lateralidade, a criança, quando adequadamente incentivada, não percebe que não corta tão bem ou não consegue seguir uma linha de corte como as crianças destras.

O primeiro desafio é que o canhoto não enxerga a linha que deveria servir de base para alinhamento do corte. Além disso, como as lâminas da tesoura ficam na posição inversa, a tendência é que o papel seja dobrado ou amassado, ao invés de cortado. Para que o corte flua, como na mão de um destro, a criança canhota tem que apertar o polegar contra o dedo indicador, em um movimento que não é natural para as mãos. Com isso pode causar calos e marcas mais profundas, caso o uso seja constante. Não existe tesoura que atenda destros e canhotos. Embora algumas marcas de tesoura de uso escolar se apresentem como apropriadas para ambos, de fato estão se referindo somente aos suporte das mãos. As lâminas continuam a ser posicionadas de forma que favorece o corte por pessoas destras. Já existe, porém, tesoura para canhotos. Embora de fato elas facilitem bastante o uso por parte de crianças canhotas, pessoalmente eu recomendo que você deixe que seu filho se adapte ao uso de tesouras comuns, feitas mesmo para o destro. Somente depois que souber cortar com essa tesoura, mesmo que o corte não seja perfeito, você pode considerar a compra de uma tesoura especial para ele. Isso porque o mundo todo é feito para destro. O mito do canhoto ser mais inteligente é, na prática, o resultado de conexões e sinapses que o cérebro de um canhoto tem que fazer para se adaptar a um mundo que não foi feito para facilitar em nada seus movimentos.


Sobre a escrita:

O movimento natural da escrita para o destro é deslizar o lápis no sentido de sua mão dominante: da esquerda para a direita. Já o canhoto, para conseguir o mesmo efeito – escrever da esquerda para a direita – tem que empurrar o lápis no sentido contrário ao da sua mão dominante. O efeito desse movimento que também não é natural para o corpo, é a tendência de apertar demais a ponta do lápis ou caneta contra o papel, visto que o movimento “empurrar” por si só requer mais força do que o “puxar” exercido pelo destro. Além disso, a mão do canhoto tende a passar constantemente por cima do texto que acaba de ser escrito, gerando aparência de desleixo na escrita, inicialmente. Na tentativa de se adaptar a esse desafio, a criança canhota acaba por encontrar alguma posição das mãos, braços, do lápis e do papel que evite o transtorno de sujar a mão (no caso de tinta) ou estragar o desenho ou texto com o constante contato com o que acaba de ser escrito. Essa tentativa de adaptação é que gera as mais diversas e até, muitas vezes, engraçadas, posições e formas de escrever de um adulto canhoto. É um processo que para os pais e professores parece ser fruto da fase da infância, mas que acaba sendo assimilada e levada para toda a vida. Isso pode causar dores nas costas ou na própria mão, visto que a maneira com que o canhoto segura o lápis entre os dedos acaba não sendo uma posição natural para suas mãos. Agora que já existem estudos mais aprofundados sobre esse assunto, já há também uma recomendação de como evitar os problemas causados pela tentativa de adaptação dos canhotos na escrita. Para uma posição confortável e não agressiva ao corpo, a dica é: Gire o papel – ou caderno – em torno de 45 graus no sentido relógio (isso significa mover para a direita a parte superior do caderno); Segure o lápis ou caneta com a ponta de três dedos: dedo médio, indicador e polegar; Mantenha o pulso e a mão abaixo da linha da escrita; Caso a superfície que apoia o papel possa ser inclinada, isso ajuda bastante o canhoto. Para crianças menores, começando a se aventurar na escrita e desenho, lápis de cor, giz de cera e canetinhas, maior será a facilidade para naturalmente aprender a segurar da forma mais adequada esses instrumentos se eles forem mais grossos. No caso de crianças maiores, adolescente e adultos, canetas e lápis de formato triangular ajudam muito, pois naturalmente requerem a posição correta dos dedos ao segurá-los. Assim como no caso da tesoura, já existem canetas especialmente desenvolvidas para canhotos. E mais uma vez o ideal é que sejam consideradas somente depois que a criança dominar o uso do tipo de material que estará sempre disponível para ele, em qualquer situação ou ambiente, visto que devemos preparar nossos filhos para serem bem sucedidos no mundo que os aguarda.


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