Um dos desafios da educação na era digital: educar filhos que saibam do poder infinito que possuem para realizar seus sonhos, mas que compreendam e aceitem que eles não podem ter ou fazer tudo o que desejarem.
A falta de consciência sobre a diferença de “empoderar” nossas crianças ou dar a elas a falsa sensação de “poder tudo” é a base dos tantos casos de bullying, falta de empatia e respeito, relações conflituosas entre pais e filhos, dificuldade na convivência escolar, que resulta em enormes prejuízos no processo de aprendizagem. Uma criança ou adolescente precisa aprender sobre o potencial imenso que tem a desenvolver, enquanto, ao mesmo tempo, ensinamos sobre o direto do outro e sobre a necessidade do respeito a regras e limites.
Temos falhado ao deixar por conta de crianças e adolescentes decisões para as quais não os preparamos para tomar. Ou para as quais eles ainda não têm recursos para racionalmente analisar e fazer a melhor escolha. Exemplos comuns dentro de casa são: falta de regras e limites em casa, em nome de um respeito que em nada representa o que o filho precisa; ir para a cama no horário que deseja, definir onde e o quê vai comer, sem uma pré-seleção por parte dos responsáveis. E a nave-mãe de tantos desafios que nossas crianças enfrentam nos relacionamentos, na convivência, na aprendizagem e na autoestima: filhos que definem o tempo, conteúdo e frequência no uso das telas.
Em paralelo, na relação com a escola: falta de respeito com o professor, a escola, os colegas. Enquanto os adultos responsáveis se estressam em tentativas de não deixar que o filho enfrente desafios que representam oportunidade para entender que ele não é o centro do mundo, mas parte de uma comunidade sem a qual ele jamais será feliz.
“Poder” é um dos quatro elementos que as pessoas consideram levar à felicidade, mas que comprovadamente não fazem uma criança ou adulto mais feliz. Só quando formos capazes de entender que o “poder” que de fato contribui para uma vida melhor é aquele relacionado ao domínio dos nossos próprios instintos, sentimentos e reações aos desafios que enfrentamos, aí sim, abriremos mão do poder que torna qualquer outra pessoa submissa aos nossos desejos e inconsistências!
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