Se você tem filho pré-adolescente ou adolescente, deve ter ouvido um “queria ir”, “posso ir” nos últimos meses. Ou, quem sabe, vocês estão entre as quinhentas mil pessoas que passarão pelo festival The Town, que está acontecendo pela primeira vez, em São Paulo.
Além de reunir, em diferentes palcos, artistas para todos os estilos e gostos musicais, o festival também representa uma oportunidade única para fazer um carinho à saúde mental tanto de adultos, como das gerações mais jovens. É fato que ainda trazemos uma carência enorme de autocuidado, especialmente em relação aos abalos que a pandemia gerou na saúde física e mental de pais e filhos, seja qual for a idade.
A música, por si só, tem um potencial enorme de nos ajudar a regular nossas emoções, equilibrar batimentos cardíacos e pressão arterial. Mais que isso, a música une gerações e ajuda a preencher as lacunas que ficaram em nossa capacidade de fazer novas amizades, buscar caminhos para estreitar nossos relacionamentos sociais.
Isoladamente, o poder curativo da música já seria motivo suficiente para convidar seu filho para vocês assistirem juntos ao The Town. A boa notícia é que vamos além, muito além desses fatores já conhecidos e tão necessários nos tempos atuais.
Assim como não foi somente a pandemia que gerou todo o desequilíbrio emocional e os enormes desafios que enfrentamos na educação de nossos filhos e na relação que eles têm com os estudos, também não é somente a música que um festival como The Town traz de oportunidades que não devemos perder.
Vivemos tempos em que somos diariamente pressionados pelo excesso no tempo de telas, a correria do dia a dia, as visões políticas extremamente opostas, o isolamento pelo medo da violência e a incerteza sobre como educar para um futuro incerto. E vemos nossos filhos crescendo como um reflexo desse mar de abundância nas informações gerando escassez de tempo para o desenvolvimento de habilidades tão fundamentais quanto escassas. E aqui entram os efeitos colaterais muito positivos que um festival de música pode trazer: oportunidades para melhorar autoestima, cultivar uma autoimagem mais positiva, sentir-se pertencente a uma tribo maior do que a própria família.
Ao se descobrir parte de uma legião enorme de fãs de um determinado grupo musical, artista ou estilo, nossos filhos têm algumas necessidades básicas para um desenvolvimento saudável atendidas. Sentir-se parte de um grupo maior é uma delas. Sentir-se ouvido e valorizado é outra, quando os adultos responsáveis compartilham desses momentos com os filhos, sobrinhos, netos.
Isso tudo talvez não seja novidade para você, mas o que a ciência descobriu sobre o quanto escolher uma roupa para vestir em determinado momento especial e marcante pode ajudar na saúde cognitiva, ah, isso pode mudar o ano letivo do seu filho.
Um estudo realizado por dois pesquisadores da Universidade de Illinois revelou que a forma como nos vestimos afeta nosso comportamento, atitudes, personalidade, humor, confiança e a maneira com que interagimos com as pessoas. Há inclusive um termo científico para esse fenômeno: “enclothed cognition”, que em tradução livre seria “cognição impactada pela vestimenta”
Ao escolher uma roupa para participar de um festival de música, temos oportunidade para melhorar nossa autoconfiança e estimular a criatividade, capacidade de foco e atenção, habilidade para fazer novos amigos e enfrentar desafios que são parte do dia a dia, mesmo depois do evento que gerou todos esses estímulos. E tem mais, estudos científicos publicados revelaram que escolher uma roupa que achamos adequadas para determinada situação também nos ajuda a enfrentar de forma mais leve o estresse, ansiedade e depressão.
Caso seu filho queira se vestir de forma que lembre algum de seus artistas favoritos, pode ficar tranquilo. Isso também é positivo: o estudo comprovou que emular o estilo de um ídolo ajuda a melhorar a autoconfiança, a partir de um estado de autopercepção de autonomia e capacidade para fazer escolhas.
E se você não está entre as pessoas que conseguiram os últimos ingressos para estar presencialmente nos últimos dias do The Town, que acontecem ao logo desse feriado prolongado, pode respirar que ainda tem como usufruir de todos esses benefícios junto com seu filho: assistir aos shows e acompanhar o festival de forma remota também gera os efeitos positivos que trouxemos aqui. Em especial se você propuser ao seu filho/a que vocês se vistam especialmente para curtir juntos a transmissão do espetáculo, seja ao vivo ou gravado. O que realmente conta é como vocês se preparam e aproveitam juntos os ídolos de cada um, demonstrando respeito e empatia quando os gostos forem diferentes!
Parabéns à Riachuelo, que patrocinou o festival e estimulou tantas pessoas a dedicarem tempo ao autocuidado que impacta de forma positiva a saúde mental e cognitiva!
Referência da pesquisa sobre “Enclothed Cognition”:
Hajo Adam, Adam D. Galinsky, Enclothed cognition,
Journal of Experimental Social Psychology, Volume 48, Issue 4, 2012,
https://doi.org/10.1016/j.jesp.2012.02.008.
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