A solidão das crianças e adolescentes é uma realidade que impacta a saúde mental, a aprendizagem e gera consequências que vão para a vida toda.
Mesmo em ambientes onde estão cercados de colegas da mesma idade, como na escola, os relatos de sentir-se excluído, abandonado, deixado de fora são frequentes.
Os adultos responsáveis, por outro lado, diante da dor pela tristeza dos filhos, sentem-se perdidos, sem saber como ajudar. Conversar com a escola é sem dúvida um dos caminhos, afinal a parceria família-escola é fundamental para o desenvolvimento pleno de nossas crianças.
Há também outras estratégias que você pode usar para ajudar seu filho a vencer o desafio de fazer amigos, sentir-se pertencente e desenvolver a autoestima e autoconfiança necessárias para se afastar, quando o grupo não compartilha dos mesmos valores que ele.
Estudos recentes da Ciência da Felicidade mostram que um dos fatores que vêm gerando um aumento no sentimento de ansiedade, depressão, solidão é o apego a elementos que não acrescentam para nosso sentimento de felicidade. Ao contrário, levam para o sentido contrário da vida que gostaríamos de ter.
Um desses fatores ganhou intensidade nos últimos anos e tem gerado o distanciamento entre aqueles que sempre foram nossa primeira experiência e exemplo de amizade: a família estendida – tios, primos, sobrinhos.
Já sabe que fator é esse? Pense no quanto você se afastou de parentes e familiares durante a pandemia, por conta das opiniões divergentes sobre fechar ou não os estabelecimentos comerciais, reabrir ou não as escolas, tomar ou não a vacina.
Em paralelo, os extremismos em relação à política também tornaram menor o círculo de amizades e muitos grupos de whatsapp em família se transformaram em palco de brigas, discussões e agressões verbais. Muitos vínculos interrompidos ou quebrados em virtude do apego à opinião, que é, comprovadamente um dos fatores que gera solidão, ansiedade, depressão e menor grau de felicidade.
Enquanto o mundo retomou seu “normal” e os candidatos e partidos políticos seguiram suas estratégias para ficar ou retomar o poder, nossos filhos seguem crescendo sem a oportunidade fundamental de aprender e praticar a criação de vínculo com outros pares de idade próxima. Observando a postura dos adultos em quem mais confiam, o que eles assimilam é: todos são inimigos. Ou, tentando evitar os conflitos que assistiram acontecer dentro da própria família, nem se arriscam na aproximação com os colegas da escola.
A solução para esse aspecto, que também tem gerado sentimento de solidão, ansiedade e depressão nos adultos: desapegar das suas opiniões. Isso significa mudar de opinião? Deprezar seus valores? Não! Ao contrário disso: desapegar da sua opinião significa estar tão em paz com aquilo que você acredita que ouvir uma opinião diferente da sua não tira seu equilíbrio, não desafia você. Desapegar da sua opinião significa não tornar um partido político ou um dilema para o qual não há resposta certa algo mais importante do que as relações que tornam você a pessoa que é, capaz inclusive de olhar para o mundo e decidir que caminho deseja seguir. Sem amigos que viveram com você sua história de vida até aqui, sem primos, tios, parentes que conhecem suas raízes e foram apoio em muitos momentos difíceis que seus pais vivenciaram, você não seria a pessoa que é hoje.
O fato de terem uma opção política e visão divergentes das suas, não invalida o elo que existe entre vocês. E ter alguém que discorda da gente é antes de tudo uma oportunidade para praticar e ensinar para nossos filhos, pelo exemplo, sobre respeito, diversidade, inclusão, riqueza de opções que temos na vida. Ser capaz de dizer: discordo de você, mas deixa para lá esse assunto e vamos falar sobre como aproximar nossos filhos, cuidar dos nossos pais, ou lembrar de momentos bons que compartilhamos no passado, isso sim faz sua vida mais leve, mais feliz e se torna uma aula para seu filho sobre fazer e manter amigos, sobre conviver socialmente em um mundo tão cheio de conexões e, apesar disso, com mais pessoas sentindo solidão e desamparo do que em qualquer outra época!
E então, alguma dúvida de que buscar caminhos para fortalecer a parceria entre família e escola traz benefícios para todos?
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Não somente os estudantes se beneficiam de uma relação de parceria entre a escola com as famílias. Existem muitas pesquisas cujos resultados comprovam que, para além de melhor desempenho acadêmico e envolvimento dos alunos, a escola como um todo colhe os frutos de todo investimento colocado para a formação desse vínculo fundamental com as famílias dos alunos e toda a comunidade.
A Fundação Flamboyant, entidade que atua em diversos países com o objetivo de formar gestores, professores, família e comunidade para que a parceria entre família e escola seja uma realidade, acompanha e dissemina pesquisas e boas práticas que podem ser replicadas e adaptadas para as mais diversas realidades: desde comunidades mais carentes, com famílias em situação de vulnerabilidade até escolas privadas, nas quais há abundância de recursos, mas falta a participação da família no dia a dia escolar dos filhos.
Um ponto que se confirma em todos os estudos: é preciso oferecer recursos, suporte, formação para que as famílias possam saber como ajudar, estimular, acompanhar os estudos dos filhos em casa. Por mais que pareça um trabalho a mais para a escola, que já vem tão sobrecarregada, os resultados mostram um rápido retorno para escola, tanto no desempenho e envolvimento dos alunos quanto em dias mais leves, com relações que se complementam e tornam mais leve o desafio atual.
Segundo uma publicação recente, entre os benefícios que o envolvimento da família na vida escolar do filho traz para a escola estão:
O envolvimento da família está associado ao aumento da expectativa em relação ao potencial do estudante: diversos estudos mostraram que a expectativa dos professores em relação ao desenvolvimento do aluno é afetada pelas crenças geradas nas interações com a família do estudante. Uma pesquisa mostrou que a qualidade da relação que o professor tem com os pais/responsáveis de um aluno impacta a percepção em relação às habilidades da criança ou adolescente.
O envolvimento da família melhora a relação entre aluno e professor: um estudo longitudinal acompanhou alunos de família com baixa renda, desde a educação infantil até o ensino fundamental 2. Este estudo mostrou que a relação dos alunos com seus professores melhorou ou piorou conforme o envolvimento das famílias com a escola era maior ou menor.
O envolvimento da família ajuda a melhorar a confiança na escola: pesquisadores que buscavam descrever as características das escolas de alta performance descobriram que os professores das escolas com melhor desempenho tinham maiores níveis de respeito entre os profissionais da equipe com a qual trabalhavam e de confiança com as famílias dos alunos.
O envolvimento da família resulta em maior competência cultural: estudos mostraram que os professores apresentam mais consciência cultural em relação à comunidade onde atuam quando há maior participação e representatividade das famílias dos alunos no dia a dia escolar. O resultado da maior consciência cultural dos professores aparece na melhora dos resultados na aprendizagem em leitura e matemática.
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O Envolvimento da Família faz diferença no desempenho escolar: a afirmação parece óbvia, mas os desafios seguem enormes na formação da parceria entre família e escola. Eis o porquê precisamos não somente falar do assunto, mas trazer caminhos para que a parceria possa de fato ser construída. E não temos tempo a perder. A geração que viveu um período da sua vida de estudante durante a pandemia precisa, mais do que qualquer outra, de um trabalho conjunto entre os adultos responsáveis e a escola.
A cada ano, em diferentes eventos pelo mundo, encontramos novos estudos e comprovações que agregam a tanto conteúdo bom já existente sobre esse assunto. Mais que isso, vemos cada vez mais organizações trazendo resultados de experiências muito positivas, colocadas em prática com diferentes comunidades, em diversas partes do mundo. E cada vez mais trazem índices que apontam para a parceria entre Família e Escola como um dos principais recursos para lidarmos com tantos desafios enfrentados pela Educação.
Vamos por partes, para que possamos dar conta de tanto conteúdo importante, que pode ser incorporado por nossas escolas e famílias, sejam elas públicas ou privadas, desde os anos iniciais da Educação Infantil até os anos finais do Ensino Médio.
Começaremos então essa série, dividida em algumas postagens, com as mais recentes descobertas e confirmações sobre os benefícios que a participação da Família traz para o envolvimento, aprendizagem, desenvolvimento e, também, desempenho acadêmico dos estudantes. Aos poucos, traremos estratégias que se mostraram mais eficazes para que a aproximação entre professores, gestores e famílias possa acontecer, gerando redução nos conflitos e estresse para ambas os lados e muitos ganhos, especialmente, para o aluno.
Vamos começar então pelos benefícios gerados para os estudantes, a partir da parceria entre família e escola, publicados pela Flamboyant Foundation, uma organização dedicada à formação de educadores, pais e responsáveis para a parceria entre Família e Escola:
O envolvimento da família está associado à redução das taxas de evasão e aumento nos índices de graduação no ensino superior: sim, é isso mesmo que você está lendo. As pesquisas mais recentes comprovaram que o envolvimento da família durante o ensino básico aumenta as chances do aluno seguir adiante com os estudos e terminar o ensino superior.
O envolvimento da família leva a um melhor desempenho acadêmico do aluno: mais de 40 estudos comprovaram que há uma relação direta entre participação da família e desempenho acadêmico. E, entre as formas mais eficazes de impacto no desempenho do aluno estão a expectativa positiva dos pais ou responsáveis e a ajuda da família para que o aluno a conexão entre o que está estudando e os desafios do mundo real.
O envolvimento da família reduz o absenteísmo: os estudos comprovaram que a comunicação eficaz da escola com as famílias e o oferecimento de workshops e palestras ajudaram a reduzir as faltas ocasionais e aquelas que já tinham se tornado crônicas para alguns estudantes. Pesquisas também mostraram que escola que possuem um programa de envolvimento das famílias estruturado e consistente apresentam taxas mais altas de frequência dos alunos nas aulas.
O envolvimento da família estimula os alunos a terem uma atitude mais positiva em relação ao processo de aprendizagem formal: pesquisas revelaram que alunos cujas famílias participam do dia a dia do filho em casa e na escola têm níveis mais altos de motivação para os estudos e maior capacidade de atenção, além de maior perseverança para enfrentar desafios de aprendizagem. Um estudo mostrou estudantes de famílias que têm acesso a programas de suporte em relação a como ajudar os filhos em casa apresentam maior consciência sobre a importância dos estudos do que aqueles estudantes cujas famílias não têm acesso a programa algum de apoio para parceria com a escola.
O envolvimento da família gera melhor desenvolvimento de habilidades de convívio social e reduz a incidência de comportamentos agressivos: estudos mostraram que intervenções feitas pela família em parceria com a escola levaram à significativa melhora no desenvolvimento de competências socioemocionais nas crianças, resultando na redução de ansiedade e agressividade e melhora nos níveis de autoestima dos alunos.
Razões mais do que suficiente para seguirmos firmes na busca por conscientização e caminhos que tornem a parceria entre família e escola uma realidade. E para que possamos levar recursos estruturados, que ajudem a família a vencer as barreiras que tornam o incentivo e acompanhamento dos estudos dos filhos, em casa, um enorme desafio!
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